sábado, 4 de fevereiro de 2012

Trabalho do Mestrado: exegese de1 JOÃO 2. 15-17




SEMINÁRIO TEOLÓGICO DA MISSÃO JUVEP



GILDELANIO DA SILVA



EXEGESE DA EPÍSTOLA  1 JOÃO 2. 15-17



Trabalho para obtenção de nota na Disciplina de Exegese do Novo Testamento do curso de  mestrado em teologia Bíblica do Novo Testamento lecionada pelo professor José Humberto.
           
 
 
  
JOÃO PESSOA – PB
Outubro – 2011


QUESTÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE A PRIMEIRA CARTA JOANINA 

(Quem era o autor e quais eram suas circunstâncias quando escreveu? Quais eram seus leitores e quais suas características? Porque este material foi escrito e o que pretendia trazer para os leitores?)

AUTORIA E CIRCUNSTÂNCIAS

·         Evidências externas e internas a favor de João, o apóstolo, filho de Zebedeu.

O peso de evidências externas favorece muito a autoria “joanina”, pois existem possíveis alusões a I João nos escritos de Clemente de Roma (em I Clemente), Inácio de Antioquia e Pseudo-Clemente (na sua II Clemente). Outras, prováveis alusões, podem ser encontradas no Didaquê, Epístola de Barnabé, Pastor de Hermas, Justino Mártir, a Epístola a Diogneto, a Epístola de Policarpo e nos escritos de Papias preservados em Ireneu. Referências mais obscuras a 1 João em Ireneu, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Dionísio e no Cânone Muratori.


Evidências internas também apóiam a tese tradicional. Geralmente são alistadas três tipos delas, que são:
  1. A familiaridade do autor com a pessoa de Cristo. Ele afirma que é testemunha ocular do ministério de Cristo
  2. Sua reconhecida autoridade entre os primeiros leitores
  3. As grandes semelhanças entre e o Evangelho de João e a 1 epístola de João. 
(1 João1:2-3 e João 3:11; 1 João 1:4 e João 16:24; 1 João 2:11 e João 12:35; 1 João 2:14 e João 5:38; 1 João 2:17 e João 8:35; 1 João 3:5 e João 8:46; 1 João 3:8 e João 8:44; 1 João 3:13 e João 15:18; 1 João 3:14 e João 5:24; 1 João 3:16 e João 10:15; 1 João 3:22 e João 8:29; 1 João 3:23 e João 13:34; 1 João 4:6 e João 8:47; 1 João 4:15 e João 6:56; 1 João 4:16 e João 6:69; 1 João 4:16 e João 15:10; 1 João 5:4 e João 16:33; 1 João 5:9 e João 5:32; 1 João 5:20 e João 17:3)

O testemunho de Westcott a respeito das passagens paralelas é conclusivo, ele argumenta que existem conceitos fundamentais semelhantes, porém, são apresentadas na epístola e no evangelho, com algumas diferenças. ”O evangelho nos deu a revelação histórica, a epístola nos mostrou como a revelação foi recebida e vivida pela igreja e pelo crente”. A forte correlação entre ambas favorece a autoria comum.
A datação das Epístolas Joaninas são determinadas pela datação do quarto evangelho. Conclui-se que estas epístolas de João foram escritas entre 70-90 d.C e talvez a década de 80-90 seria provável. Como o quarto Evangelho, a outra literatura joanina saiu da área da Ásia Menor, que tinha como centro Éfeso. Portanto não há razão adequada para pôr-se de lado a tradição antiga de que Éfeso foi centro do qual a correspondência joanina saiu.
Não encontrei documentos que afirmassem que João estaria desterrado ou preso enquanto escrevia as epístolas. Possivelmente ainda não tinha acontecido isto.

·         Leitores e suas características
Aparentemente a igreja em geral, já que não tem saudações, despedidas, e outras alusões pessoais; pertence, portanto, às epístolas gerais. Chama os crentes carinhosamente, como: "Meus filhinhos", 2:1,18,28; 3:7,18; 4:4; 5:21; e "amados", 3:2,21; 4:1,7,11.
A falta de especial dedicação e saudação, indicam que a carta foi circular, provavelmente enviada às igrejas da província da Ásia Menor, perto de Éfeso, onde, segundo uma tradição antiga, João passou seus últimos dias. Por causa da linguagem utilizada, pode-se inferir que o autor conhecia pessoalmente os destinatários da carta.

·         Motivos principais da escrita desta carta

O autor menciona quatro razões para escrever esta carta aos crentes: para aumentar seu gozo, 1:4; para guardá-los do pecado, 2:1; para adverti-los acerca de falsos mestres, 2:26; para fortalecer a sua fé em Cristo e para dar-lhe a garantia da vida eterna, 5:13.
A incerteza de seus leitores sobre sua condição espiritual foi causada por um conflito desordenado com os mestres de uma falsa doutrina. João refere-se ao ensinamento como enganosos (2.26; 3.7) e aos mestres como “falsos profetas” (4.1), mentirosos (2.22) e anticristos (2.18,22; 4.3). Eles um dia tinha estado com a igreja, mas tinha se afastado (2.19) e tinha se “levantado no mundo” (4.1) para propagar sua perigosa heresia.
 Sua base doutrinária incluía: I) que Jesus fosse realmente o Cristo (2:22), II) a pré-existência do Filho de Deus (1:1; 4:15 e 5:5,10), III) eles negavam a Encarnação de Cristo (4:2) IV) que seu objetivo fosse vir para salvar os homens (4:9). Porém, segundo alguns estudiosos, a forma exata dessa heresia, é incerta. Geralmente é afirmado que tinha alguma afinidade com os pontos de vista mantidos por Cerinto, na Ásia Menor, no fim do primeiro século, ainda que não fosse inteiramente idêntico com aquilo que se sabe sobre seu ensino.
De acordo com Cerinto, Jesus foi um homem bom, no qual o Cristo celestial viera habitar desde o tempo de seu batismo até pouco antes de sua crucificação.Isto é combatido em diversas passagens da epístola, que afirma que Jesus é o Cristo (5:6) o Filho de Deus (2:22, 5:1,5). O ensino de Cerinto baseava-se no dualismo gnóstico entre o espíritual e o material, que negava a possibilidade de Deus (Espírito) ter se tornado homem (Matéria). Outra versão desta heresia, o Docetismo (do grego dokeo, parecer) afirmava que a Encarnação foi aparente, não uma realidade concreta. A posição de Cerinto, que fica entre essas duas, afirma que a Encarnação foi temporária, ou seja, desde o batismo até o momento da crucificação. O método de João em expor os erros dos hereges e confrontá-los com a verdade. Cristo Jesus é a fonte da vida e nós podemos receber a vida eterna que Ele nos prometeu. E essa vida é oferecida a todos, indistintamente, não somente a um grupo de iniciados na doutrina gnóstica.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
·         Introdução ao NT – Vida Nova – (Carson, Douglas, Leon)
·         Teologia do NT – Vida Nova – (I. Howard Marshall)
·         Manual Bíblico – Sociedade Bíblica do Brasil
·         Dicionário Bíblico Buckland – editora vida


TRADUÇÃO DAS PALAVRAS E ANÁLISE DOS VERBOS

Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (1 João 2:15-17)

2.15 μη αγαπατε τον κοσμον μηδε τα εν τω κοσμω
        Não    ameis     o       mundo     nem    as (coisas) em o mundo

εαν τις αγαπα τον κοσμον,  ουκ εστιν η αγαπη του πατρος εν αυτω
se alguém    amar  o    mundo         não    está   o   amor     do        pai       em  nele.


Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
agapate
Plural
Presente
Imperativo
Ativa
agapaw
Ameis
agapa
Singular
Presente
Subjuntivo
Ativa
agapaw
Amar
estin
Singular
Presente
Indicativo
Ativa
eimi
Está


2.16 οτι παν το εν τω κοσμω η επιθυμια της σαρκος και η επιθυμια
         Porque tudo   o   em    mundo  o   desejo              da    carne      e     o    desejo
                               (o que há)  

των οφθαλμων και η αλαζονεια του βιου ουκ εστιν εκ του πατρος
dos          olhos         e    o  falso orgulho   da   vida     não   é       de     o     pai

αλλ εκ του κοσμου εστιν
mas   de   o     mundo      é

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
estin
Singular
Presente
Indicativo
Ativa
eimi
é
estin
Singular
Presente
Indicativo
Ativa
eimi
é


2.17 και ο κοσμος παραγεται και η επιθυμια αυτου
          E   o    mundo          passa        e     o     desejo      dele

o  δε  ποιων το θελημα του  θεου   μενει   εις  τον  αιωνα
o  mas (que faz) a  vontade   de   Deus  permanece  para  o     sempre.

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
παραγεται
Singular
Presente
Indicativo
Passiva
parago
Passa
ποιων
Nom. Masc.
Singular
Presente
Particípio
Ativa
poiew
Fazendo
μενει
Singular
Presente
Indicativo
Ativa
menw
Permanece


IDÉIA EXEGÉTICA DO TEXTO (1 JOÃO 2.15-17)
A vontade do Pai Celeste é que tenhamos o seu eterno amor exclusivamente e por isto devemos fugir do amor do mundo e das suas paixões temporais (concupiscências).

ESBOÇO EXEGÉTICO DO TEXTO (1 JOÃO 2.15-17)

O Amor do Pai e o amor do mundo
Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (1 João 2:15-17)

       I.             O AMOR DO MUNDO

1.1  – Não devemos tê-lo (v. 15)
1.2  – Ele não pertence ao pai (v. 15)
1.3  – Não devemos amar as coisas do mundo (concupiscências) (v. 16)
1.4  – Pois essas coisas são temporais (v. 16)

II.              O AMOR DO PAI
2.1 – É inconfundível e diferente do amor do mundo ( v.15)
2.2 – Devemos tê-lo exclusivamente, pois é eterno (v.16, 17)


SERMÃO ESTUDO DO TEXTO (1 JOÃO 2.15-17)

Título: O Amor do Pai e o amor do mundo

Texto-Base - Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (1 João 2:15-17)

Introdução: Irei partir do pressuposto de que o autor desta carta é o mesmo da 2ª e 3ª, como também do quarto evangelho e do livro do apocalipse. Refiro-me ao Apóstolo João. Provavelmente a carta foi escrita em Éfeso, no final do primeiro século, entre 70 e 90 a.C.
 Aparentemente João está escrevendo para a igreja em geral, já que não tem saudações, despedidas, e outras alusões pessoais; Já que pertence, portanto, às epístolas gerais. Ele chama os crentes carinhosamente, como: "Meus filhinhos", 2:1,18,28; 3:7,18; 4:4; 5:21; e "amados", 3:2,21; 4:1,7,11. São expressões generalizadas a todos os irmãos em Cristo.
O autor menciona quatro razões para escrever esta carta aos crentes:
1)      para aumentar seu gozo, 1:4;
2)      para guardá-los do pecado, 2:1;
3)      para adverti-los acerca de falsos mestres, 2:26;
4)      para fortalecer a sua fé em Cristo e para dar-lhe a garantia da vida eterna, 5:13.
As PALAVRAS CHAVE. Comunhão, saber e amor. E o TEMA CENTRAL. Deus é vida, luz e amor perfeitos.
Dito isto, e sem mais delongas, já considero o bastante para entendermos o conteúdo acima citado. Trata-se do tema: O amor do mundo e o amor do Pai. Veremos suas diferenças e seus resultados. O que, afinal, João nos propõe nesta passagem? Veremos: 

     II.             O AMOR DO MUNDO

João é muito direto na sua declaração sobre o amor para com o mundo, ele disse: “não ameis o mundo e nem o que no mundo há”. O verbo está no imperativo e com isso não nos permite outras opções. Isto é o que deve ser feito.
Mas quais os motivos pelo qual não devemos amar o mundo?
 Primeiro o texto declara que Não devemos tê-lo (v. 15) e depois fala o porquê - Ele não pertence ao pai (v. 15) e prossegue finalizando que Não devemos amar as coisas do mundo (concupiscências da carne, dos olhos e nem a soberba da vida) (v. 16), já que o motivo é óbvio– Pois essas coisas são temporais (v. 16).
Já podemos lembrar o que disse Jesus no Sermão do Monte (Mt. 6.33) e o que Paulo disse aos Colossenses (Cl. 3.1,2) - “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra”.
            Se este amor falso e ilusório do mundo não nos cabe, só nos resta agora nos deter ao amor sublime e incomparável do Pai Celeste: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).

III.              O AMOR DO PAI

Quem medita bem nas Sagradas Escrituras e se depara com o texto da 1ª Carta de Paulo aos Coríntios cap 13, passa logo a refletir profundamente sobre o quão sublime e perfeito é o amor. Esta conclusão é geral, pois a Bíblia afirma que o próprio Deus é o amor ( 1 Jo. 4.8). Por isso que não há alternativa para os que afirmam que estão em Cristo, ou temos o amor de
Cristo e nos entregamos ao amor do pai, ou então, estaremos perdidos com o mundo
. “E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele. ( 1 Jo. 4.16).
Em nosso texto principal, João demonstra que conhece bem este amor, e apresenta suas características básicasEle é  inconfundível e diferente do amor do mundo ( v.15).  e nós, os que dizemos  ser cristão - 2.2 – Devemos tê-lo exclusivamente, pois é eterno (v.16, 17).
                Se afirmarmos que andamos na Sua luz, que temos comunhão com Ele e não vivermos no Seu amor, na verdade, isto nos torna mentirosos. A Palavra é muito clara: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. (João 15:10).

Conclusão

            Não serei capaz de abordar com toda a profundidade até aonde a bíblia nos poderá levar sobre este assunto tão vasto, porém, o que já traçamos aqui, já nos foi suficiente para medir nossa maneira de viver e nossa maneira de amar. Todo cristianismo se resume em uma palavra: AMOR. Amarmos a Deus e ao Próximo. (Mt. 22.35-40).
            Certa feita o irmão Pedro conversava com irmão Tiago e estava falando da bondade de seu irmão Paulo. Pedro disse: “Quero dar-te um de meus carros, pois já tinha um e ganhei outro num sorteio”. Daí Tiago disse: maravilha, amigo, eu queria ter um irmão assim! Então Pedro replicou-lhe: Já eu queria SER um irmão assim!
            Que o nosso coração este bem guardado em Cristo e que lutemos para não ouvir o que foi dito a igreja em Éfeso e aos Judeus que o perseguia: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.” (Ap. 2.4). “Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.” (Jo. 5.42). Portanto, amai-vos uns aos outros!


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