sábado, 28 de janeiro de 2012

ARTIGO SOBRE O TEXTO ORIGINAL DO NT




“O QUE O CRENTE DE HOJE PRECISA SABER SOBRE O NOVO TESTAMENTO NO GREGO”

Por G. W. Anderson

                         Nos anos recentes tem havido muita confusão sobre traduções modernas e edições do Novo Testamento no Grego sem terem informação para sustentar suas afirmações. Muitas pessoas dizem que as suas traduções são precisas porque tais traduções baseiam-se nos melhores textos gregos ao nosso dispor. Alguns dizem que suas traduções são melhores que a Versão Autorizada porque a Versão Autorizada e o seu Textus Receptus Grego acrescentam variações e leituras extras ao texto. Outros porém, dizem que o texto grego do Novo Testamento não tem importância, porque a sua tradução predileta é melhor que qualquer texto grego. Ainda mais, outros dizem que o testo grego não tem importância porque a maioria não pode ler o Grego da era do Novo Testamento. Apesar de tudo isso, o texto grego em que se baseia uma tradução terá impacto tanto sobre uma leitura devocional do crente quanto sobre a proclamação da Palavra de Deus e o dar  testemunho da graça salvadora de  Jesus Cristo. É necessário que o crente de hoje entenda a importância do Texto Tradicional do Grego na sua vida cristã.

 

 O Texto Tradicional


                        Antes de tudo é necessário compreender o que significa o termo “Texto Tradicional”.
Durante o primeiro século após a ressurreição de Cristo, Deus inspirou homens a escrever Sua Palavra. O resultado foi um grupo de cartas e livros escritos no Grego Koine (chamados ‘autógrafos originais’). Estas cartas e livros foram copiados e recopiados através dos séculos e distribuídos pelo mundo. Essas cópias constituem os manuscritos do Novo Testamento. Mais de 5.000 desses manuscritos sobreviveram até hoje. O grande número destes manuscritos gregos apoiam o que se chama a tradução textual bizantina, bizantina porque procede do mundo todo que falava grego naquele tempo. Estes manuscritos bizantinos constituem o que se chama o Texto Tradicional do Novo Testamento. O melhor representante impresso deste tipo textual bizantino é o Textus Receptus (ou Texto Recebido). Além dos manuscritos, também temos disponíveis muitas obras nas quais os Pais da Igreja citaram os manuscritos. O trabalho de John Burgon estabeleceu que o texto básico utilizado por numerosos Pais da Igreja é o mesmo  texto ora conhecido como o Texto Bizantino.
                        O Textus Receptus foi compilado ou colecionado de um número de manuscritos bizantinos por numerosos editores desde o começo do ano 1500. Houve edições de editores tais como Erasmo, Stephens,  Beza, e os irmãos Elzevir, Mill e Scrivner. Essas edições diferem  pouco uma da outra, mas ainda são consideradas como o mesmo texto básico. Certas edições eram populares em diversos países e serviram de base para traduções do Novo Testamento. O Textus Receptus (como conhecido mais adiante), foi o texto usado por Tyndale e em seguida pelos tradutores da versão Autorizada Inglesa (Rei Tiago) de 1611 e de outras traduções da era da Reforma.

O Texto Crítico

                        Durante os séculos XIX e XX, porém, surgiu uma outra forma do Novo Testamento no Grego e é usado para a maioria das traduções do Novo Testamento. Este Texto Crítico, assim chamado, difere largamente do Texto Tradicional, em que omite muitas palavras, versículos e passagens encontradas no Textus Receptus e traduções baseadas nele. As versões modernas baseiam-se num Novo Testamento que provem dum pequeno grupo de manuscritos gregos do século quatro em diante. Dois destes manuscritos considerados superiores ao Bizantino por muitos eruditos modernos são o manuscrito Sináitico e o Vaticano (c. Século quatro). Estes advêm dum tipo de texto conhecido como o texto alexandrino (por causa de sua origem no Egito). Este tipo foi chamado  pelos críticos textuais Wescott e Hort o ‘Texto Neutro’. Estes dois manuscritos constituem a base do Novo Testamento Grego, chamado de Texto Crítico, que tem sido usado em larga escala desde os últimos anos do século XIX. Nos anos recentes houve tentativa para melhorar este texto chamando-o de um texto ‘eclético’ (que quer dizer muitos outros manuscritos foram consultados na sua edição e evolução), mas ainda é um texto que tem por fundamento central  esses dois manuscritos.

Problemas no Texto Crítico

                        Existem muitos problemas de omissão que caracterizam este Novo Testamento Grego. Versículos e passagens citadas nos escritos dos Pais da Igreja de 200 a 300 A.D. estão faltando nos manuscritos no Texto Alexandrino. Além disso, estas passagens primitivas acham-se nos manuscritos em existência de 500 A.D. em diante. Um exemplo disso é Mc 16:9-20: esta passagem acha-se nos escritos de Irineu e Hipólito no século dois, e está em quase todos os manuscritos do Evangelho de Marcos de 500 A.D. em diante. Está faltando em dois manuscritos alexandrinos, o Sináitico e o Vaticano. 
                        Este é apenas um dos muitos exemplos desse problema. Existem muitas palavras, versículos e passagens omitidas das versões modernas, mas que se acham no Texto Bizantino tradicional do Novo Testamento e assim no Textus Receptus. De acordo com um cálculo, o Texto Crítico difere do Textus Receptus 5.337 vezes. O manuscrito vaticano omite 2.877 palavras nos Evangelhos; o manuscrito sináitico omite 3.455 palavras nos Evangelhos. Estes problemas entre o Textus Receptus e o Texto Crítico são bem importantes para a tradução correta e interpretação do Novo Testamento. Ao contrário do que dizem os defensores do Texto Crítico, estas omissões atingem doutrina e fé na vida cristã.
                        Algumas amostras de problemas doutrinários causados por omissões no Texto Crítico seguem. Esta lista não é completa. O moderno Texto Crítico reconstruído:

                        Omite referência ao Nascimento Virginal em Lc 2:33
                        Omite referência à Divindade de Cristo em I Tm 3:16
                        Omite referência à Divindade de Cristo em Rm 14:10 e 12
                        Omite referência ao sangue de Cristo em Cl 1:14

                        Além disso, um erro é criado na Bíblia em Mc 1:2; nesta passagem o Texto Crítico faz com que Isaías seja o autor do livro de Malaquias. Em numerosos lugares no Novo Testamento, o nome de Jesus é omitido do Texto Crítico. Setenta vezes ‘Jesus’ é omitido e vinte e nove vezes ‘Cristo’ é omitido.¹
                        Um outro problema com o moderno Texto Crítico é que os dois principais manuscritos em que se constrói este texto, o sináitico e o vaticano, diferem entre si mais de 3.000 vezes somente nos Evangelhos. Deste modo, o texto alexandrino se apresenta como tipo de texto que se caracteriza em muitos lugares por leituras não comuns aos manuscritos de sua própria tradução. O Texto Crítico se caracteriza por linguagem que na língua original é difícil, brusca ou até impossível. Parece não importar se a leitura variante era estranha ou até aberrante, deveria estar nos autógrafos originais porque (como afirmam), um escriba jamais faria uma mudança que difere de outros manuscritos; em vez disso, ele faria uma mudança para uma passagem ler mais fluentemente.
                        Muito se diz sobre o fato dos manuscritos alexandrinos serem muito velhos. Isto é verdade, mas a ênfase da crítica textual não deve ser sobre a idade do manuscrito, mas sobre quantas cópias (vezes) ele dista do original. Um manuscrito com data de ser copiado no décimo século, poderia ser quinto na linhagem de cópias desde o autógrafo original, enquanto um manuscrito no terceiro século poderá ser o centésimo na linhagem de cópias. Desde que seja difícil estabelecer a genealogia, a família de qualquer dado manuscrito, é importante notar que idade é
relativa no sentido que poderia ter um manuscrito corrupto do século três ou um manuscrito fiel do século dez.
                        Uma boa ilustração seria imaginar que no ano 3.000 se achou uma cópia da Bíblia Inglesa que datava da década de 1970. Suponha que esta Bíblia fosse a mais antiga Bíblia disponível e que esta Bíblia era diferente em centenas de lugares da Bíblia usada pelos crentes do ano 3.000. Bem que se poderia imaginar os críticos científicos com sua metodologia, a exaltas as virtudes da idade antiga desta Bíblia, o desenho das páginas mostrando qualidade, grande cuidado na disposição e o papel deste volume, a encadernação, etc. Mas os argumentos deles começariam a ruir, depois de traduzir Bíblias nas línguas modernas na base deste livro antigo, ao ser descoberto pelos crentes que esta versão era a Tradução do Novo Mundo dos Testemunhas de Jeová.

Preservação Providencial

                        Os crentes conservadores que crêem na Palavra de Deus sempre entenderam  que o Texto Tradicional foi conservado pela providência de Deus. Deus prometeu na Sua Palavra tanto que havia de  preservar a Sua Palavra  para as gerações futuras, quanto que a Sua Palavra era permanente  e seria mantida sem corrupção.
                        Mt 5:18: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”.
                        Is 59:21: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor; o meu espírito que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua descendência, diz o SENHOR, desde agora e para todo o sempre”.
                        Jo 10:35: “Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a Palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada),”
                        Estes versículos mostram que Deus não tem deixado a Sua Igreja por séculos sem uma cópia autoritária da Palavra de Deus, além do mais, que o povo de Deus através dos séculos tem copiado sucessiva e fielmente cópias dos autógrafos. A igreja no mundo inteiro tem empregado o Texto Tradicional em todas as suas diversas formas, e dignou-se Deus multiplicar multidões de cópias e trazer salvação a muitas gerações através desse processo de preservação. Esta doutrina da preservação é afirmada resumidamente na confissão de fé de Westminster, capítulo 1, parágrafo VIII:
                        “O Velho Testamento no Hebraico (que era a língua nativa do povo de Deus da antigüidade) e o Novo Testamento no Grego (que no tempo de ser escrito era a língua geralmente conhecida às nações), sendo imediatamente inspirados por Deus e conservados puros em todos os tempos pelo Seu cuidado singular e providência, são, portanto, autênticos; assim sendo, em todas as controvérsias religiosas, a Igreja deve finalmente apelar para eles”.
                        Esta preciosa doutrina de preservação providencial está praticamente esquecida pelos modernos eruditos textuais. Muitos destes tratam a Palavra de Deus apenas como qualquer outro livro que poderá ser submetido aos caprichos e às normas inconstantes dos modernos métodos científicos. Muitas das formas destrutivas da alta crítica do século dezenove procederam da falta de crer que a Bíblia é um livro sobrenatural. A Bíblia conduz os sinais da inspiração que claramente se vêem pelos olhos da fé, mas que podem ser desdenhados por homens que se precipitam na destruição. Apesar disso, Deus suscitou o Seu povo que ama e reverencia a Sua Palavra e reconhece os sinais da inspiração que os crentes primitivos reconheceram, e que estas cópias transmitidas através das épocas representam bem o que Deus propositou. Isto não quer dizer que qualquer particular edição do Novo Testamento no Grego hoje seja perfeita, mas quer dizer que o Novo Testamento que temos hoje é essencialmente o mesmo que veio através dos séculos por intermédio de grupos de crentes que têm amado e guardado a Sua Palavra.
                        A força desta preservação no Velho Testamento procede da qualidade dos escribas que copiavam o Velho Testamento no Hebraico. No Novo Testamento se vê na abundância dos manuscritos que possuímos hoje. Isso tem sido o método de Deus para guardar pura a Palavra dele.
Esta preservação fez com que nenhum texto local, tal como o da Alexandria, Egito, se tornasse o texto predominante. Ficou para o liberalismo e  a incredulidade desafiar este processo de preservação. Jamais ficou provado que estes poucos manuscritos alexandrinos tiveram existência fora de Alexandria, Egito. Muitos do povo de Deus no mundo inteiro rejeitam o Texto Crítico em todas as suas formas. A aplicação prática da preservação providencial é que hoje cada crente tem que escolher entre um moderno texto reconstruído, baseado essencialmente em dois manuscritos do   século quatro, os quais em muitos lugares omitem a Divindade de Cristo e alguns estimam a omissão de mais ou menos 200 versículos (equivalente ao volume de I e II Pedro), ou tem que escolher como texto um que Deus se dignou utilizar através dos séculos. Vamos usar o texto que Deus tem abençoado e que melhor honra e glorifica o Senhor Jesus, ou não vamos?
                        As edições impressas do Novo Testamento no Grego publicadas durante os séculos de 1500 e 1600 foram produzidas por homens que compreendiam o significado da glória de Deus e a importância de possuir cópias precisas da Bíblia. Encontramos erudição na crítica textual e uma atitude de cuidado e fidelidade maior que se pode imaginar para com os manuscritos desde a obra conhecida como o Poligloto Complutêncio até várias edições de Erasmo, até as quatro edições de Roberto Stephens (a melhor conhecida é o texto de 1530 e a base do interlinear de Berry ou o Novo Testamento Grego do Inglês), até a obra do grande crítico Teodoro Beza nas suas cinco edições, até as edições dos irmãos Elzevir eem 1624 e 1633 e finalmente as obras de F.H.A. Scrivener nas décadas de 1870 e 1880. O Texto Tradicional era o texto do período da Reforma, para que, quer seja a obra de Erasmo ou de Stephens, ou seja a própria tradução de Lutero ou aquela dos herdeiros da Reforma tais como os Teólogos de Westminster e dos tradutores da Versão Autorizada no Inglês, este texto tem sido largamente usado e grandemente abençoado por Deus.
                        O crítico textual J. Harold Greenlee disse: “A crítica textual do Novo Testamento , portanto, é um pré-requisito a toda a obra bíblica e teológica” ². Isto não é um exagero da importância da questão. Como crentes hoje temos a responsabilidade em nossos dias de proclamar o Evangelho, o Evangelho puro, o Evangelho não adulterado. Também temos o direito e privilégio de estarmos no devido lugar das fileiras dos que protegem e proclamam a Palavra de Deus. Cada crente individualmente fará uma decisão neste assunto de qual texto é  certo. Infalivelmente a decisão será feita ou consciente ou inconscientemente poro cada crente sem exceção. Esta decisão se faz quando o crente decide qual  a edição da Bíblia que vai usar para leitura e estudo. Ao escolher uma tradução baseada em manuscritos corruptos que refletem omissões sobre a Divindade de Cristo, a expiação pelo seu sangue, Seu nascimento virginal, então se fez a decisão de estender este erro à próxima geração. Ao contrário, se o crente de hoje escolher uma tradução da Palavra de Deus que é traduzida do Texto Tradicional, fez-se a decisão de continuar ver Deus operar pela Sua providência em providenciar a Sua Palavra na forma completa, não só para a geração presente, mas para as futuras.
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1.    Vê “A Grande Omissão” , The Quarterly Record no.524 (London: The Trinitarian Bible   Society,  July-September 1993).

2.     J. Harold Greenlee, “Introduction to New Testament Textual Criticism” (Grand Rapids, MI, USA: William B. Eerdmans Publishing Co., 1964), p.17.
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Este artigo foi publicado na Revista da Sociedade Bíblica Trinitariana “Quarterly Record” January to March 1994, no. 526, pages 3 to 9.
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traduzido pelo missionário Albert Johnson em 01.04.94


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